sábado, 17 de maio de 2008

Deus é Misericórdia, Graça, Fidelidade - porque é Amor: Bento XVI na homilia celebrada em Savona, sábado à tarde

Deus é Misericórdia, Graça, Fidelidade - porque é Amor: Bento XVI na homilia celebrada em Savona, sábado à tarde
Bento XVI deslocou-se neste fim de semana à região italiana da Ligúria, em visita pastoral às dioceses de Savona e de Génova, na costa noroeste, não longe da fronteira francesa.Tendo partido neste sábado de tarde de avião até Génova, o Papa dedicou a primeira parte da sua visita à diocese de Savona, começando pelo santuário mariano de Nossa Senhora da Misericórdia, diocese e santuário ligados à memória do Papa Pio VII, a quem Napoleão Bonaparte impôs um período de exílio, precisamente nesta cidade lígure.Facto saliente deste primeiro dia da viagem foi a Missa dominical antecipada que Bento XVI celebrou numa Praça de Savona, com os textos da solenidade da Santíssima Trindade.Na homilia, o Pontífice começou por comentar a primeira Leitura do dia, o texto do Livro do Êxodo em que Deus se revela a Moisés como “Deus misericordioso e cheio de compaixão, lento para a ira e rico em misericórdia”. Palavras que (observou) “nos dizem a verdade sobre Deus” e “nos fazem ver com os olhos da mente o rosto do invisível, o nome do Inefável. Este nome è Misericórdia, Graça, Fidelidade”. Encontrando-se em Savona, Bento XVI observou que foi precisamente como Virgem da Misericórdia que Maria se manifestou, em 1536, a um pobre lavrador daquelas terras, dando depois origem ao santuário mariano dos arredores desta cidade. Ora – sublinhou o Papa – “Maria não falava de si, ela nunca fala de si, fala sempre de Deus, e fê-lo com este nome tão antigo e sempre novo: misericórdia, que é sinónimo de amor, de graça. Está aqui toda a essência do cristianismo porque é a essência do próprio Deus. Deus é Uno enquanto é totalmente e unicamente Amor. E precisamente porque é Amor, é abertura, acolhimento, diálogo. E na sua relação connosco, que somos pecadores, é misericórdia, compaixão, graça, perdão”. “Para quem se encontra em perigo, Deus é salvação” – como refere o texto do Evangelho deste domingo observou ainda Bento XVI: “Deus amou de tal maneira o mundo que entregou o Seu Filho Único, para que todo aquele que acredita n’Ele não se perca, mas tenha a vida eterna”. “Neste doar-se de Dues na Pessoa do Filho está em acção toda a Trindade: o Pai que põe à nossa disposição o que tem de mais caro; o Filho que, em sintonia com o Pai, se despoja da sua glória para se doar a nós; o Espírito Santo que sai do pacífico abraço divino para irrigar os desertos da humanidade. Para esta obra da sua misericórdia, Deus – dispondo-se a tomar a nossa carne – quis ter necessidade de um SIM humano, do SIM de uma mulher que se tornasse a Mãe do seu Verbo incarnado – Jesus, o Rosto humano da divina Misericórdia. Maria tornou-se assim, e tal permanece para sempre – a Mãe da Misericórdia.”Bento XVI observou ainda que esta sua “visita a Savona, no dia da Santíssima Trindade, é antes de mais uma peregrinação, mediante Maria, às nascentes da fé, da esperança e do amor”. Uma peregrinação que “é também (disse) memória e homenagem” ao seu predecessor Pio VII, cujas dramáticas vicissitudes se encontram indissoluvelmente ligadas a esta cidade e ao seu santuário mariano”. “À distância de dois séculos, venho renovar a expressão do reconhecimento da Santa Sé e de toda a Igreja pela fé, amor e coragem com que os habitantes desta terra apoiaram o Papa por ocasião da sua residência forçada, imposta por Napoleão Bonaparte, nesta cidade”. “Esta página obscura da história da Europa tornou-se, por obra do Espírito Santo, rica de graças e de ensinamentos, mesmo par aos nosso dias. Ensina-nos a coragem de enfrentar os desafios do mundo - materialismo, relativismo, laicismo – sem nunca ceder a compromissos, dispostos a pagar em pessoa, para permanecermos fiéis ao Senhor e à sua Igreja.O exemplo de serena firmeza do Papa Pio VII convida-nos a conservar inalterada no meio das provações a confiança em Deus, na certeza de que Ele, embora permitindo para a sua Igreja momentos difíceis, nunca a abandona. A história vivida pelo grande Pontífice na vossa terra convida-nos a confiar sempre na intercessão e na materna assistência de Maria Santíssima”.Após a celebração da Missa, Bento XVI deve deslocar-se ao Paço episcopal de Savona, para uma visita privada aos apartamentos onde Pio VII viveu os dois anos de residência fixa e vigiada, imposta por Napoleão. Pernoitará no santuário de Nossa Senhora della Guardia, numa colina dos arredores de Génova.O programa da sua visita à capital da Ligúria inclui, de manhã, a deslocação a um Hospital de Crianças, seguido de um encontro com os jovens, numa praça da cidade, seguido de uma visita à catedral de Génova, onde dirigirá a palavra aos respectivos cónegos e às pessoas consagradas. De tarde, antes do regresso a Roma, a celebração eucarística numa vasta esplanada da cidade.