domingo, 28 de dezembro de 2008

Bento XVI destaca Sagrada Família de Nazaré

Bento XVI destaca Sagrada Família de Nazaré

Da Redação, com Rádio Vaticano


O Papa Bento XVI aparece, esta manhã, 28, ao meio-dia, à janela de seu gabinete de trabalho, no último andar da Residência Apostólica, para rezar a oração do Ângelus, com os peregrinos e fiéis reunidos na Praça São Pedro.

Apesar do tempo chuvoso e do frio na capital italiana, foram numerosos os participantes, provenientes da Itália e de outros países, no encontro mariano com o Papa, neste último domingo do ano, dedicado à Sagrada Família.

Na mensagem dominical, que precedeu a oração mariana, o Santo Padre refletiu sobre a Sagrada Família de Nazaré, num contexto mais do que apropriado, pois o Natal é a festa da Família por excelência, como pudemos constatar nestes dias natalinos. E o Papa explicou:

"Jesus quis nascer e crescer numa família humana; teve a Virgem Maria como Mãe e José como pai, que o educaram com imenso amor. Eis porque a família de Jesus merece ser chamada 'santa', totalmente imbuída do desejo de cumprir a vontade de Deus, encarnada na adorável presença de Jesus."

O Santo Padre também destacou que "esta é uma família como todas as outras: modelo de amor conjugal, de colaboração, de sacrifício, de confiança na Providência divina, de trabalho e de solidariedade. Trata-se de uma família que mantém e promove todos os valores do núcleo familiar, contribuindo para a formação do tecido da sociedade".

O Papa, por outro lado, enfatizou que "a Família de Nazaré é única, diversa de todas as outras, pela sua vocação singular, ligada à missão do Filho de Deus. Eis porque, hoje, agradecemos a Deus, mas também à Virgem Maria e a São José, que com tanta fé e disponibilidade cooperaram com o desígnio salvífico do Senhor".

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Documento reafirma compromisso de católicos e muçulmanos pela paz

Documento reafirma compromisso de católicos e muçulmanos pela paz

Da Redação, com Ecclesia


Católicos e muçulmanos devem estar juntos na luta contra o fanatismo religioso e o radicalismo. Este foi o apelo do documento final, divulgado hoje, 17, do XI Encontro de líderes religiosos católicos e muçulmanos, reunidos desde segunda-feira, 15, em Roma. O evento foi promovido pelo Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e pela World Islamic Call Society (WICS), uma organização mulçumana com sede em Trípoli (Líbia).

"Os líderes religiosos têm uma responsabilidade especial em relação à juventude, que requer uma atenção particular para que não seja vítima do fanatismo religioso e o radicalismo, recebendo, pelo contrário, uma sólida educação que os ajude a tornar-se construtores de pontes e de paz", diz o comunicado.

O tema do encontro destes dias foi "Responsabilidade dos líderes religiosos, em especial em tempos de crise". O encontro encerrou com uma audiência concedida por Bento XVI aos participantes, onde o Santo Padre expressou sua "satisfação e forte encorajamento" por esta iniciativa.

Documento final

O documento conclusivo, publicado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, frisa que "a primeira e mais importante responsabilidade dos líderes religiosos é de natureza religiosa, de acordo com as suas respectivas tradições" e que para cumpri-la fielmente devem dedicar-se "ao ensino, boas obras e bons exemplos, assim servindo às suas comunidades para a glória de Deus".

Sublinha igualmente o papel das religiões na promoção de "valores éticos fundamentais" como "a justiça, solidariedade, paz, harmonia social e o bem comum da sociedade como um todo, em particular os mais necessitados, os fracos, os migrantes e os oprimidos".

No comunicado apela-se aos líderes religiosos para que se preocupem em "prevenir, gerir e remediar" situações de crise, tanto a nível nacional como internacional, de forma a evitar "a sua degeneração em violência confessional".

"Isto requer um respeito e conhecimento mútuos, promovendo relações pessoais e construindo confiança recíproca, até ao ponto de sermos capaz de enfrentar em conjunto as crise que possam ocorrer", concluem os participantes do encontro.

Outros encontros

As cinco sessões do Encontro deste ano foram dedicadas à apresentação e aprofundamento de três pistas de reflexão, seja por católicos, seja por muçulmanos: Responsabilidade religiosa, Responsabilidades culturais e sociais, Tempos de crise no caminho do diálogo inter-religioso.

As duas delegações, num total de 23 elementos, foram presididas pelo Cardeal Jean-Louis Tauram, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso e por Mohamed Ahmed Sherif, secretário-geral da "World Islamic Call Society".

O próximo Encontro, não tem data definida, mas acontecerá em Tripoli.

Bento XVI doa presépio para evento beneficente em Nápoles

Bento XVI doa presépio para evento beneficente em Nápoles

Rádio Vaticano


O Papa Bento XVI doou um presépio de madrepérola à terceira edição do leilão de Natal intitulado "Em nome da vida", em Nápoles. O leilão foi encerrado pelo arcebispo da cidade, Cardeal Crescenzio Sepe.

O presépio foi arrematado por 8.100 euros. No total foram arrecadados 54 mil euros com o leilão de objetos doados pela arquidiocese e pelos fiéis. O valor será destinado ao projeto "Um berço para a vida", um jardim de infância multiétnico que será construído dentro da "Casa de Tonia".

"Esta casa falará de Nápoles, da sua grande bondade e de todos aqueles que ajudaram a construí-la, dos doadores ilustres àqueles menos conhecidos e de todos aqueles que participaram no leilão", disse Dom Crescenzio. Para o Cardeal "é o sinal de uma Nápoles forte, generosa e solidária, com um único coração".

Entre as peças leiloadas encontrava-se também uma escultura doada pelo presidente da República italiana, Giorgio Napolitano, vendida por 4.000 euros.

domingo, 14 de dezembro de 2008

'Que Jesus seja acolhido com amor nas casas do mundo' diz Papa

'Que Jesus seja acolhido com amor nas casas do mundo' diz Papa

Rádio Vaticana


O próximo Natal vem recordar que a aproximação de Deus é uma questão de amor. É o que afirmou Bento XVI no Ângelus aguardando que "Jesus seja acolhido com amor em todas as casas de Roma e do mundo". O Santo Padre, depois de ter abençoado o Menino Jesus dos presépios, dos oratórios e das paróquias de Roma, levados pelos jovens das escolas de Roma, deixou também um apelo para ajudarem "as paróquias de Roma a construírem suas igrejas".

"Sois alegres", porque "o Senhor é próximo". É a expressão de São Paulo - recordou o Papa - que acompanha a antífona de entrada da Santa Missa neste terceiro domingo de Advento. O apóstolo Paulo - tem observado o Santo Padre - pensa evidentemente no retorno de Cristo, mas adverte também que ninguém pode conhecer o momento da vinda do Senhor. O Pontífice explicou o significado da questão "aproximar":

"Assim, já agora, a Igreja, iluminada pelo Espírito Santo, compreendia sempre melhor que a 'aproximação' de Deus não é uma questão de espaço e de tempo, bem sim uma questão de amor: o amor aproxima! O próximo Natal virá a recordar-nos desta verdade fundamental da nossa fé e, de frente ao Presépio, poderemos saborear a alegria cristã, contemplando no novo nascimento de Jesus o rosto de Deus que por amor se fez próximo a nós".

Renovada a bela tradição da bênção dos "Menino Jesus", as estátuas de Jesus Menino para colocar no presépio, o Papa convidou todos, em particular os rapazes e moças que estavam na Praça São Pedro com os seus 'Jesus Menino', para unirem-se a esta oração:

"Deus nosso Pai... Oramos a ti, porque com a tua bênção nesta imagem de Jesus, que está para vir entre nós, sejamos, em nossa casa, sinal da tua presença e do teu amor".

Na oração, o Papa tem, pois exortado a abrir o coração ao Senhor para acolher com amor:

"Abre o nosso coração, para que saibamos receber Jesus na alegria, fazer sempre isto que Ele pede e vê-Lo em todos aqueles que têm necessidade do nosso amor"...

Depois do Ângelus, Bento XVI recordou que hoje na diocese de Roma celebra-se a jornada pela construção de novas igrejas. Nos últimos anos - disse o Papa - "foram realizados alguns novos complexos paroquiais, mas ainda há comunidades que dispõem somente de estruturas provisórias e inadequadas". Agradecendo de coração a todos que tem apoiado este esforço tão importante para a Diocese de Roma, finalmente renovou o convite a todos:

"Ajudemos as paróquias de Roma a construírem sua igreja".

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Divulgada mensagem do Papa para Dia Mundial da Paz

Divulgada mensagem do Papa para Dia Mundial da Paz

Da Redação, com Ecclesia


Foi apresentada nesta quinta-feira, 11, no Vaticano, a mensagem do Papa Bento XVI para o 42º Dia Mundial da Paz (1º de Janeiro de 2009), que tem como tema "Combater a pobreza, construir a paz".

A conferência de imprensa contou com a presença do Cardeal Renato Rafael Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, e do respectivo secretário, Arcebispo Giampaolo Crepaldi.

Na mensagem, Bento XVI sublinha "a necessidade de uma resposta urgente da família humana à grave questão da pobreza, entendida como problema material, mas antes de mais moral e espiritual".

Leia a íntegra:

1. Desejo, também no Início deste novo ano, fazer chegar os meus votos de paz a todos e, com esta minha Mensagem, convidá-los a refletir sobre o tema: "Combater a pobreza, construir a paz". Já o meu venerado antecessor João Paulo II, na Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1993, sublinhara as repercussões negativas que acaba por ter sobre a paz a situação de pobreza em que versam populações inteiras. De fato, a pobreza encontra-se frequentemente entre os fatores que favorecem ou agravam os conflitos, mesmo os conflitos armados. Estes últimos, por sua vez, alimentam trágicas situações de pobreza. "Vai-se afirmando (...), com uma gravidade sempre maior – escrevia João Paulo II –, outra séria ameaça à paz: muitas pessoas, mais ainda, populações inteiras vivem hoje em condições de extrema pobreza. A disparidade entre ricos e pobres tornou-se mais evidente, mesmo nas nações economicamente mais desenvolvidas. Trata-se de um problema que se impõe à consciência da humanidade, visto que as condições em que se encontra um grande número de pessoas são tais que ofendem a sua dignidade natural e, consequentemente, comprometem o autêntico e harmónico progresso da comunidade mundial".1

2. Neste contexto, combater a pobreza implica uma análise atenta do fenômeno complexo que é a globalização. Tal análise é já importante do ponto de vista metodológico, porque convida a pôr em prática o fruto das pesquisas realizadas pelos economistas e sociólogos sobre tantos aspectos da pobreza. Mas a evocação da globalização deveria revestir também um significado espiritual e moral, solicitando a olhar os pobres bem cientes da perspectiva que todos somos participantes de um único projeto divino: chamados a constituir uma única família, na qual todos – indivíduos, povos e nações – regulem o seu comportamento segundo os princípios de fraternidade e responsabilidade.

Em tal perspectiva, é preciso ter uma visão ampla e articulada da pobreza. Se esta fosse apenas material, para iluminar as suas principais características, seriam suficientes as ciências sociais que nos ajudam a medir os fenómenos baseados sobretudo em dados de tipo quantitativo. Sabemos porém que existem pobrezas imateriais, isto é, que não são consequência direta e automática de carências materiais. Por exemplo, nas sociedades ricas e avançadas, existem fenómenos de marginalização, pobreza relacional, moral e espiritual: trata-se de pessoas desorientadas interiormente, que, apesar do bem-estar económico, vivem diversas formas de transtorno. Penso, por um lado, no chamado « subdesenvolvimento moral » 2 e, por outro, nas consequências negativas do « superdesenvolvimento ».3 Não esqueço também que muitas vezes, nas sociedades chamadas «pobres», o crescimento económico é entravado por impedimentos culturais, que não permitem uma conveniente utilização dos recursos. Seja como for, não restam dúvidas de que toda a forma de pobreza imposta tem, na sua raiz, a falta de respeito pela dignidade transcendente da pessoa humana. Quando o homem não é visto na integridade da sua vocação e não se respeitam as exigências duma verdadeira «ecologia humana »,4 desencadeiam-se também as dinâmicas perversas da pobreza, como é evidente em alguns âmbitos sobre os quais passo a deter brevemente a minha atenção.

Pobreza e implicações morais

3. A pobreza aparece muitas vezes associada, como se fosse sua causa, com o desenvolvimento demográfico. Em consequência disso, realizam-se campanhas de redução da natalidade, promovidas a nível internacional, até com métodos que não respeitam a dignidade da mulher nem o direito dos esposos a decidirem responsavelmente o número dos filhos 5 e que muitas vezes – facto ainda mais grave – não respeitam sequer o direito à vida. O extermínio de milhões de nascituros, em nome da luta à pobreza, constitui na realidade a eliminação dos mais pobres dentre os seres humanos. Contra tal presunção, fala o dado seguinte: enquanto, em 1981, cerca de 40% da população mundial vivia abaixo da linha de pobreza absoluta, hoje tal percentagem aparece substancialmente reduzida a metade, tendo saído da pobreza populações caracterizadas precisamente por um incremento demográfico notável. O dado agora assinalado põe em evidência que existiriam os recursos para se resolver o problema da pobreza, mesmo no caso de um crescimento da população. E não se há-de esquecer que, desde o fim da segunda guerra mundial até hoje, a população da terra cresceu quatro mil milhões e tal fenómeno diz respeito, em larga medida, a países que surgiram recentemente na cena internacional como novas potências económicas e conheceram um rápido desenvolvimento graças precisamente ao elevado número dos seus habitantes. Além disso, dentre as nações que mais se desenvolveram, aquelas que detêm maiores índices de natalidade gozam de melhores potencialidades de progresso. Por outras palavras, a população confirma-se como uma riqueza e não como um factor de pobreza.

4. Outro âmbito de preocupação são as pandemias, como por exemplo a malária, a tuberculose e a SIDA, pois, na medida em que atingem os sectores produtivos da população, influem enormemente no agravamento das condições gerais do país. As tentativas para travar as consequências destas doenças na população nem sempre alcançam resultados significativos. E sucede além disso que os países afectados por algumas dessas pandemias se vêem, ao querer enfrentá-las, sujeitos a chantagem por parte de quem condiciona a ajuda económica à actuação de políticas contrárias à vida. Sobretudo a SIDA, dramática causa de pobreza, é difícil combatê-la se não se enfrentarem as problemáticas morais associadas com a difusão do vírus. É preciso, antes de tudo, fomentar campanhas que eduquem, especialmente os jovens, para uma sexualidade plenamente respeitadora da dignidade da pessoa; iniciativas realizadas nesta linha já deram frutos significativos, fazendo diminuir a difusão da SIDA. Depois há que colocar à disposição também das populações pobres os remédios e os tratamentos necessários; isto supõe uma decidida promoção da pesquisa médica e das inovações terapêuticas e, quando for preciso, uma aplicação flexível das regras internacionais de protecção da propriedade intelectual, de modo que a todos fiquem garantidos os necessários tratamentos sanitários de base.

5. Terceiro âmbito, que é objecto de atenção nos programas de luta contra a pobreza e que mostra a sua intrínseca dimensão moral, é a pobreza das crianças. Quando a pobreza atinge uma família, as crianças são as suas vítimas mais vulneráveis: actualmente quase metade dos que vivem em pobreza absoluta é constituída por crianças. O facto de olhar a pobreza colocando-se da parte das crianças induz a reter como prioritários os objectivos que mais directamente lhes dizem respeito, como por exemplo os cuidados maternos, o serviço educativo, o acesso às vacinas, aos cuidados médicos e à água potável, a defesa do ambiente e sobretudo o empenho na defesa da família e da estabilidade das relações no seio da mesma. Quando a família se debilita, os danos recaem inevitavelmente sobre as crianças. Onde não é tutelada a dignidade da mulher e da mãe, a ressentir-se do facto são de novo principalmente os filhos.

6. Quarto âmbito que, do ponto de vista moral, merece particular atenção é a relação existente entre desarmamento e progresso. Gera preocupação o actual nível global de despesa militar. É que, como já tive ocasião de sublinhar, «os ingentes recursos materiais e humanos empregados para as despesas militares e para os armamentos, na realidade, são desviados dos projectos de desenvolvimento dos povos, especialmente dos mais pobres e necessitados de ajuda. E isto está contra o estipulado na própria Carta das Nações Unidas, que empenha a comunidade internacional, e cada um dos Estados em particular, a ‘‘promover o estabelecimento e a manutenção da paz e da segurança internacional com o mínimo dispêndio dos recursos humanos e económicos mundiais para os armamentos'' (art. 26)».6

Uma tal conjuntura, longe de facilitar, obstaculiza seriamente a consecução dos grandes objectivos de desenvolvimento da comunidade internacional. Além disso, um excessivo aumento da despesa militar corre o risco de acelerar uma corrida aos armamentos que provoca faixas de subdesenvolvimento e desespero, transformando-se assim, paradoxalmente, em factor de instabilidade, tensão e conflito. Como sensatamente afirmou o meu venerado antecessor Paulo VI, «o desenvolvimento é o novo nome da paz ».7 Por isso, os Estados são chamados a fazer uma séria reflexão sobre as razões mais profundas dos conflitos, frequentemente atiçados pela injustiça, e a tomar providências com uma corajosa autocrítica. Se se chegar a uma melhoria das relações, isso deverá consentir uma redução das despesas para armamentos. Os recursos poupados poderão ser destinados para projectos de desenvolvimento das pessoas e dos povos mais pobres e necessitados: o esforço despendido em tal direcção é um serviço à paz no seio da família humana.

7. Quinto âmbito na referida luta contra a pobreza material diz respeito à crise alimentar actual, que põe em perigo a satisfação das necessidades de base. Tal crise é caracterizada não tanto pela insuficiência de alimento, como sobretudo pela dificuldade de acesso ao mesmo e por fenómenos especulativos e, consequentemente, pela falta de um reajustamento de instituições políticas e económicas que seja capaz de fazer frente às necessidades e às emergências. A má nutrição pode também provocar graves danos psicofísicos nas populações, privando muitas pessoas das energias de que necessitam para sair, sem especiais ajudas, da sua situação de pobreza. E isto contribui para alargar a distância angular das desigualdades, provocando reacções que correm o risco de tornar-se violentas. Todos os dados sobre o andamento da pobreza relativa nos últimos decénios indicam um aumento do fosso entre ricos e pobres. Causas principais de tal fenómeno são, sem dúvida, por um lado a evolução tecnológica, cujos benefícios se concentram na faixa superior da distribuição do rendimento, e por outro a dinâmica dos preços dos produtos industriais, que crescem muito mais rapidamente do que os preços dos produtos agrícolas e das matérias primas na posse dos países mais pobres. Isto faz com que a maior parte da população dos países mais pobres sofra uma dupla marginalização, ou seja, em termos de rendimentos mais baixos e de preços mais altos.

Luta contra a pobreza e solidariedade global

8. Uma das estradas mestras para construir a paz é uma globalização que tenha em vista os interesses da grande família humana.8 Mas, para guiar a globalização é preciso uma forte solidariedade global 9 entre países ricos e países pobres, como também no âmbito interno de cada uma das nações, incluindo ricas. É necessário um «código ético comum »,10 cujas normas não tenham apenas carácter convencional mas estejam radicadas na lei natural inscrita pelo Criador na consciência de todo o ser humano (cf. Rm 2, 14-15). Porventura não sente cada um de nós, no íntimo da consciência, o apelo a dar a própria contribuição para o bem comum e a paz social? A globalização elimina determinadas barreiras, mas isto não significa que não possa construir outras novas; aproxima os povos, mas a proximidade geográfica e temporal não cria, de per si, as condições para uma verdadeira comunhão e uma paz autêntica. A marginalização dos pobres da terra só pode encontrar válidos instrumentos de resgate na globalização, se cada homem se sentir pessoalmente atingido pelas injustiças existentes no mundo e pelas violações dos direitos humanos ligadas com elas. A Igreja, que é «sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano »,11 continuará a dar a sua contribuição para que sejam superadas as injustiças e incompreensões e se chegue a construir um mundo mais pacífico e solidário.

9. No campo do comércio internacional e das transacções financeiras, temos hoje em acção processos que permitem integrar positivamente as economias, contribuindo para o melhoramento das condições gerais; mas há também processos de sentido oposto, que dividem e marginalizam os povos, criando perigosas premissas para guerras e conflitos. Nos decénios posteriores à segunda guerra mundial, o comércio internacional de bens e serviços cresceu de forma extraordinariamente rápida, com um dinamismo sem precedentes na história. Grande parte do comércio mundial interessou os países de antiga industrialização, vindo significativamente juntar-se-lhes muitos países que sobressaíram tornando-se relevantes. Mas há outros países de rendimento baixo que estão ainda gravemente marginalizados dos fluxos comerciais. O seu crescimento ressentiu-se negativamente com a rápida descida verificada, nos últimos decénios, nos preços dos produtos primários, que constituem a quase totalidade das suas exportações. Nestes países, em grande parte africanos, a dependência das exportações de produtos primários continua a constituir um poderoso factor de risco. Quero reiterar aqui um apelo para que todos os países tenham as mesmas possibilidades de acesso ao mercado mundial, evitando exclusões e marginalizações.

10. Idêntica reflexão pode fazer-se a propósito do mercado financeiro, que toca um dos aspectos primários do fenómeno da globalização, devido ao progresso da electrónica e às políticas de liberalização dos fluxos de dinheiro entre os diversos países. A função objectivamente mais importante do mercado financeiro, que é a de sustentar a longo prazo a possibilidade de investimentos e consequentemente de desenvolvimento, aparece hoje muito frágil: sofre as consequências negativas de um sistema de transacções financeiras – a nível nacional e global – baseadas sobre uma lógica de brevíssimo prazo, que busca o incremento do valor das actividades financeiras e se concentra na gestão técnica das diversas formas de risco. A própria crise recente demonstra como a actividade financeira seja às vezes guiada por lógicas puramente auto-referenciais e desprovidas de consideração pelo bem comum a longo prazo. O nivelamento dos objectivos dos operadores financeiros globais para o brevíssimo prazo reduz a capacidade de o mercado financeiro realizar a sua função de ponte entre o presente e o futuro: apoio à criação de novas oportunidades de produção e de trabalho a longo prazo. Uma actividade financeira confinada no breve e brevíssimo prazo torna-se perigosa para todos, inclusivamente para quem consegue beneficiar dela durante as fases de euforia financeira.12

11. Segue-se de tudo isto que a luta contra a pobreza requer uma cooperação nos planos económico e jurídico que permita à comunidade internacional e especialmente aos países pobres individuarem e actuarem soluções coordenadas para enfrentar os referidos problemas através da realização de um quadro jurídico eficaz para a economia. Além disso, requer estímulos para se criarem instituições eficientes e participativas, bem como apoios para lutar contra a criminalidade e promover uma cultura da legalidade. Por outro lado, não se pode negar que, na origem de muitos falimentos na ajuda aos países pobres, estão as políticas vincadamente assistencialistas. Investir na formação das pessoas e desenvolver de forma integrada uma cultura específica da iniciativa parece ser actualmente o verdadeiro projecto a médio e longo prazo. Se as actividades económicas precisam de um contexto favorável para se desenvolver, isto não significa que a atenção se deva desinteressar dos problemas do rendimento. Embora se tenha oportunamente sublinhado que o aumento do rendimento pro capite não pode de forma alguma constituir o fim da acção político-económica, todavia não se deve esquecer que o mesmo representa um instrumento importante para se alcançar o objectivo da luta contra a fome e contra a pobreza absoluta. Deste ponto de vista, seja banida a ilusão de que uma política de pura redistribuição da riqueza existente possa resolver o problema de maneira definitiva. De facto, numa economia moderna, o valor da riqueza depende em medida determinante da capacidade de criar rendimento presente e futuro. Por isso, a criação de valor surge como um elo imprescindível, que se há-de ter em conta se se quer lutar contra a pobreza material de modo eficaz e duradouro.

12. Colocar os pobres em primeiro lugar implica, finalmente, que se reserve espaço adequado para uma correcta lógica económica por parte dos agentes do mercado internacional, uma correcta lógica política por parte dos agentes institucionais e uma correcta lógica participativa capaz de valorizar a sociedade civil local e internacional. Hoje os próprios organismos internacionais reconhecem o valor e a vantagem das iniciativas económicas da sociedade civil ou das administrações locais para favorecer o resgate e a integração na sociedade daquelas faixas da população que muitas vezes estão abaixo do limiar de pobreza extrema mas, ao mesmo tempo, dificilmente se consegue fazer-lhes chegar as ajudas oficiais. A história do progresso económico do século XX ensina que boas políticas de desenvolvimento são confiadas à responsabilidade dos homens e à criação de positivas sinergias entre mercados, sociedade civil e Estados. Particularmente a sociedade civil assume um papel crucial em todo o processo de desenvolvimento, já que este é essencialmente um fenómeno cultural e a cultura nasce e se desenvolve nos diversos âmbitos da vida civil.13

13. Como observava o meu venerado antecessor João Paulo II, a globalização «apresenta-se com uma acentuada característica de ambivalência»,14 pelo que há- de ser dirigida com clarividente sabedoria. Faz parte de tal sabedoria ter em conta primariamente as exigências dos pobres da terra, superando o escândalo da desproporção que se verifica entre os problemas da pobreza e as medidas predispostas pelos homens para os enfrentar. A desproporção é de ordem tanto cultural e política como espiritual e moral. De facto, tais medidas detêm-se frequentemente nas causas superficiais e instrumentais da pobreza, sem chegar às que se abrigam no coração humano, como a avidez e a estreiteza de horizontes. Os problemas do desenvolvimento, das ajudas e da cooperação internacional são às vezes enfrentados sem um verdadeiro envolvimento das pessoas, mas apenas como questões técnicas que se reduzem à preparação de estruturas, elaboração de acordos tarifários, atribuição de financiamentos anónimos. Inversamente, a luta contra a pobreza precisa de homens e mulheres que vivam profundamente a fraternidade e sejam capazes de acompanhar pessoas, famílias e comunidades por percursos de autêntico progresso humano.

Conclusão

14. Na Encíclica Centesimus annus, João Paulo II advertia para a necessidade de «abandonar a mentalidade que considera os pobres – pessoas e povos – como um fardo e como importunos maçadores, que pretendem consumir tudo o que os outros produziram». «Os pobres – escrevia ele – pedem o direito de participar no usufruto dos bens materiais e de fazer render a sua capacidade de trabalho, criando assim um mundo mais justo e mais próspero para todos».15 No mundo global de hoje, resulta de forma cada vez mais evidente que só é possível construir a paz, se se assegurar a todos a possibilidade de um razoável crescimento: de facto, as consequências das distorções de sistemas injustos, mais cedo ou mais tarde, fazem-se sentir sobre todos. Deste modo, só a insensatez pode induzir a construir um palácio dourado, tendo porém ao seu redor o deserto e o degrado. Por si só, a globalização não consegue construir a paz; antes, em muitos casos, cria divisões e conflitos. A mesma põe a descoberto sobretudo uma urgência: a de ser orientada para um objectivo de profunda solidariedade que aponte para o bem de cada um e de todos. Neste sentido, a globalização há-de ser vista como uma ocasião propícia para realizar algo de importante na luta contra a pobreza e colocar à disposição da justiça e da paz recursos até agora impensáveis.

15. Desde sempre se interessou pelos pobres a doutrina social da Igreja. Nos tempos da Encíclica Rerum novarum, pobres eram sobretudo os operários da nova sociedade industrial; no magistério social de Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II, novas pobrezas foram vindo à luz à medida que o horizonte da questão social se alargava até assumir dimensões mundiais.16 Este alargamento da questão social à globalidade não deve ser considerado apenas no sentido duma extensão quantitativa mas também dum aprofundamento qualitativo sobre o homem e as necessidades da família humana. Por isso a Igreja, ao mesmo tempo que segue com atenção os fenómenos actuais da globalização e a sua incidência sobre as pobrezas humanas, aponta os novos aspectos da questão social, não só em extensão mas também em profundidade, no que se refere à identidade do homem e à sua relação com Deus. São princípios de doutrina social que tendem a esclarecer os vínculos entre pobreza e globalização e a orientar a acção para a construção da paz. Dentre tais princípios, vale a pena recordar aqui, de modo particular, o «amor preferencial pelos pobres»,17 à luz do primado da caridade testemunhado por toda a tradição cristã a partir dos primórdios da Igreja (cf. Act 4, 32-37; 1 Cor 16, 1; 2 Cor 8-9; Gal 2, 10).

«Cada um entregue-se à tarefa que lhe incumbe com a maior diligência possível » – escrevia em 1891 Leão XIII, acrescentando: «Quanto à Igreja, a sua acção não faltará em nenhum momento».18 Esta consciência acompanha hoje também a acção da Igreja em favor dos pobres, nos quais vê Cristo,19 sentindo ressoar constantemente em seu coração o mandato do Príncipe da paz aos Apóstolos: «Vos date illis manducare – dai-lhes vós mesmos de comer» (Lc 9, 13). Fiel a este convite do seu Senhor, a Comunidade Cristã não deixará, pois, de assegurar o seu apoio à família humana inteira nos seus impulsos de solidariedade criativa, tendentes não só a partilhar o supérfluo, mas sobretudo a alterar «os estilos de vida, os modelos de produção e de consumo, as estruturas consolidadas de poder que hoje regem as sociedades».20 Assim, a cada discípulo de Cristo bem como a toda a pessoa de boa vontade, dirijo, no início de um novo ano, um caloroso convite a alargar o coração às necessidades dos pobres e a fazer tudo o que lhe for concretamente possível para ir em seu socorro. De facto, aparece como indiscutivelmente verdadeiro o axioma «combater a pobreza é construir a paz».

Vaticano, 8 de Dezembro de 2008.

TIPOGRAFIA VATICANA

1 Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1993, 1.
2 Paulo VI, Carta enc. Populorum progressio, 19.
3 João Paulo II, Carta enc. Sollicitudo rei socialis, 28.
4 João Paulo II, Carta enc. Centesimus annus, 38.
5 Cf. Paulo VI, Carta enc. Populorum progressio, 37; João Paulo II, Carta enc. Sollicitudo rei socialis, 25.
6 Bento XVI, Carta ao Cardeal Renato Rafael Martino por ocasião do Seminário Internacional organizado pelo Conselho Pontifício « Justiça e Paz » sobre o tema « Desarmamento, desenvolvimento e paz. Perspectivas para um desarmamento integral » (10 de Abril de 2008): L'Osservatore Romano (13/IV/2008), p. 8.
7 Carta enc. Populorum progressio, 87.
8 Cf. João Paulo II, Carta enc. Centesimus annus, 58.
9 Cf. João Paulo II, Discurso na Audiência às Associações Cristãs de Trabalhadores Italianos [ACLI] (27 de Abril de 2002), 4: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XXV/1 [2002], 637.
10 João Paulo II, Discurso à Assembleia Plenária da Academia Pontifícia das Ciências Sociais (27 de Abril de 2001), 4: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XXIV/1 [2001], 802.
11 Concílio Ecum. Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, 1.
12 Cf. Conselho Pontifício «Justiça e Paz», Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 368.
13 Cf. ibid., 356.
14 Discurso na Audiência a Dirigentes de Sindicatos de Trabalhadores e de grandes Empresas (2 de Maio de 2000), 3: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XXIII/1 [2000], 726.
15 N. 28.
16 Cf. Paulo VI, Carta enc. Populorum progressio, 3.
17 João Paulo II, Carta enc. Sollicitudo rei socialis, 42; cf. Carta enc. Centesimus annus, 57.
18 Leão XIII, Carta enc. Rerum novarum, 45.
19 Cf. João Paulo II, Carta enc. Centesimus annus, 58.
20 Ibid., 58.

Atividades de Bento XVI nesta quinta-feira

Atividades de Bento XVI nesta quinta-feira

Rádio Vaticano


Na série de atividades desta quinta-feira, 11, o Papa Bento XVI recebeu em audiência o Cardeal-arcebispo de Westminster, na Grã-Bretanha, Dom Cormac Murphy-O’Connor.

A seguir, foi a vez de um grupo de Bispos da Conferência Episcopal de Taiwan, em visita qüinqüenal ad limina apostolorum.

As relações diplomáticas entre a Santa Sé e a China foram estabelecidas em 1946, sob o pontificado de Pio XII. Em 1951, os funcionários da Nunciatura foram expulsos e, hoje, a sede se situa em Taiwan.

Nesta tarde, o Papa Bento XVI vai se encontrar, na Basílica Vaticana, com os Universitários romanos, para a preparação do Santo Natal.

Após a celebração Eucarística, presidida pelo cardeal Vigário do Papa para a Diocese de Roma, Agostino Vallini, Bento XVI descerá à Basílica para dirigir a sua palavra e abençoar a comunidade universitária. No final do encontro, o pontífice entregará a 12 jovens a Carta de São Paulo aos Romanos.

Mais de 60 países em todo o mundo violam liberdade religiosa

Mais de 60 países em todo o mundo violam liberdade religiosa

AIS


Mais de 60 países em todo o mundo violam "gravemente" a liberdade religiosa. O número é lançado no "Relatório 2008 - Liberdade Religiosa no Mundo", publicado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Segundo a publicação, os casos mais dramáticos no período estudado registraram-se na Índia, Paquistão, Arábia Saudita e Eritreia, nações onde a liberdade de culto é negada de maneira mais violentas e nas quais os crentes são perseguidos, em alguns casos até à morte.

Esta nova edição deste relatório retrata uma situação crítica, a nível mundial, da liberdade de culto. Os conflitos militares, o terrorismo e as ditaduras contribuíram, entre outras causas, para as situações mais alarmantes.

O relatório analisa a situação da liberdade religiosa em cada país, com base nos testemunhos de representantes da Igreja local, documentos oficiais, artigos de agências de notícias, meios especializados em assuntos religiosos e informações fornecidas por organizações de direitos humanos.

O estudo assinala que a perseguição religiosa aumenta em todo o mundo. Entre as principais preocupações apresentadas, está a da Índia, que piorou nos últimos anos, apesar de a Constituição reconhecer a liberdade religiosa.

O livro analisa também a situação no Iraque, onde desde finais de setembro duas mil famílias cristãs tiveram de abandonar Mossul.

Segundo a Fundação AIS, a própria necessidade da obra sublinha a fragilidade da liberdade religiosa como um princípio fundamental.

No relatório é apresentada uma lista de países nos quais se registraram "graves limitações à liberdade religiosa". Entre eles encontram-se a China, Cuba, Coréia do Norte, Iran, Nigéria, Mianmar (ex-Birmânia), Laos, Arábia Saudita, Paquistão e Sudão.

Em seguida, consta uma lista de países nos quais se verificam "limitações legais à liberdade religiosa", entre os quais se encontram Afeganistão, Argélia, Bahrein, Bangladesh, Bielorrússia, Bolívia, Egito, Eritreia, Terra Santa (Israel e os territórios palestinos) e México.

A AIS fala ainda de países nos quais se registraram episódios de "repressão legal" e de países nos quais se registraram conflitos locais, analisados já em outras seções.

Em alguns casos, como por exemplo, na China, "o receio de abrir-se à liberdade de culto coincide com o temor de deixar espaços a outras liberdades".

Sobre Portugal, é destacado o mal-estar gerado pela demora na regulamentação da Concordata entre o país e a Santa Sé, assinada em 2004, que já levou a manifestações de descontentamento por parte do episcopado católico.

O relatório analisa a situação da liberdade religiosa em cada país, com base nos testemunhos de representantes da Igreja local, documentos oficiais, artigos de agências de notícias e outros media especializados em assuntos religiosos, bem como nas informações fornecidas por organizações de direitos humanos.

Com este documento, a organização católica internacional AIS pretende apresentar um compêndio general do grau de liberdade religiosa existente em cada um dos países do mundo, além das formas e motivos da repressão que padecem os diferentes grupos religiosos.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Papa homenageia Imaculada Conceição na Praça Espanha

Papa homenageia Imaculada Conceição na Praça Espanha

Rádio Vaticano

André LuizPara durante solenidade da Imaculada Conceição na Praça Espanha Na solenidade da Imaculada Conceição, o Papa Bento XVI à Praça Espanha para a tradicional homenagem à imagem da Imaculada. Ainda a caminho, o pontífice se deteve brevemente diante da igreja da Santíssima Trindade, para a homenagem mariana da Associação dos Comerciantes da Rua Condotti.

O Papa foi calorosamente acolhido pelos numerosos fiéis, peregrinos e turistas presentes na Praça Espanha, onde fez então a sua homenagem floreal, dirigindo aos presentes uma breve reflexão.

O Santo Padre lembrou a sua visita a Lourdes, aonde foi como peregrino, por ocasião dos 150 anos da histórica aparição da Virgem Maria a Santa Bernadete, ressaltando que as celebrações desse aniversário se concluem justamente hoje, solenidade da Imaculada Conceição, porque a "Senhora bonita", como a chamava Bernadete, mostrando-se a ela pela última vez na gruta de Massabielle, revelou o seu nome dizendo: "Eu sou a Imaculada Conceição".

"O disse no idioma local. E a pequena vidente referiu a seu pároco aquela expressão para ela desconhecida e incompreensível", observou o Papa.

"Também nós repetimos com comoção esse nome misterioso. E o repetimos aqui, aos pés desse monumento no coração de Roma, e numerosos nossos irmãos e irmãs fazem o mesmo em milhares de lugares do mundo, santuários e capelas, bem como nas casas de famílias cristãs".

O pontífice lembrou que a convicção acerca da concepção imaculada de Maria já existia há muitos séculos antes das aparições de Lourdes, mas essas aparições se deram como um sigilo celeste, após o seu venerado predecessor, o bem-aventurado Pio IX, definir, em 8 de dezembro de 1854, o dogma da Imaculada Conceição de Maria.

Bento XVI ressaltou que é tradição que o Papa se una à homenagem da cidade de Roma levando a Maria um cesto de rosas. "Essas rosas indicam o nosso amor e a nossa devoção: o amor e a devoção do Papa, da Igreja de Roma e dos habitantes dessa cidade, que se sentem espiritualmente filhos da Virgem Maria", disse.

O Papa acrescentou ainda que apresentamos à Mãe as alegrias, mas confiamos a ela também as preocupações, seguros de encontrarmos nela conforto para não nos abater e apoio para andar avante.

Seis novos santos e três novos beatos para a Igreja

Seis novos santos e três novos beatos para a Igreja

Rádio Vaticano


Ao receber em audiência privada o prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Dom Angelo Amato, o santo Padre o Papa autorizou, a promulgação dos decretos correspondentes a 6 milagres atribuídos a beatos em processo de canonização, assim como a outros 3 relativos às virtudes heróicas de outros servos de Deus:

- a um milagre, atribuído à intercessão do bem-aventurado Sigismundo Feliz Feliński, arcebispo de Varsóvia, nascido em Wojutyn (na atual Ucrânia) em novembro de 1822, e morto em Cracovia, na Polônia, em setembro de 1895;

- a um milagre, atribuído à intercessão do bem-aventurado Arcangelo Tadini, sacerdote diocesano e fundador da Congregação das Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré, nascido em Verolanuova, norte da Itália, em outubro de 1846, e morto em Botticino (sempre norte da Itália) em maio de 1912;

- a um milagre, atribuído à intercessão do bem-aventurado Francisco Coll y Guitart, sacerdote professo da Ordem dos Frades Pregadores (Dominicanos) e Fundador da Congregação das Irmãs Dominicanas da Anunciação da Bem-aventurada Virgem Maria, nascido em Gombren, na Espanha, em maio de 1812, e morto em Vic (sempre na Espanha) em abril de 1875;

- a um milagre, atribuído à intercessão do bem-aventurado Rafael Arnáiz Baron, Frade Oblato da Ordem dos Cistercienses da Estreita Observância (Trapistas), nascido em Burgos, na Espanha, em abril de 1911, e morto em San Isidro de Dueñas (sempre Espanha) em abril de 1938;

- a um milagre, atribuído à intercessão da bem-aventurada Maria da Cruz Jugan, fundadora da Congregação das Pequenas Irmãs dos Pobres, nascida em Petites-Croix, na França, em outubro de 1792, e morta em La Tour Saint-Joseph (sempre na França) em agosto de 1879;

- a um milagre, atribuído à intercessão da bem-aventurada Catarina Volpicelli, fundadora do Instituto das Servas do Sagrado Coração, nascida em Nápoles em janeiro de 1839, e morta na mesma cidade do sul da Itália em dezembro de 1894;

- às virtudes heróicas do Servo de Deus Jacinto Bianchi, sacerdote diocesano e fundador das filhas Missionárias de Maria, nascido em Villa Pasqualli em agosto de 1835, e morto na referida localidade italiana em fevereiro de 1914;

- às virtudes heróicas do Servo de Deus André Van Den Boer, Irmão professo dos Frades da Bem-aventurada Maria Mãe da Misericórdia, nascido em Udenhout, na Holanda, em novembro de 1841, e morto em Tilburg (sempre na Holanda) e agosto de 1917;

- e, por fim, às virtudes heróicas da Serva de Deus Maria Clara de Jesus Menino Galvão Meixa de Moura Telles e Albuquerque, fundadora da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, nascida em Amadora, Portugal, em junho de 1843, e morta em Lisboa em dezembro de 1899.

Papa recorda vítimas de Santa Catarina e destaca o Advento

Papa recorda vítimas de Santa Catarina e destaca o Advento

Ecclesia

O Papa Bento XVI recordou este domingo a figura de Alexis II, Patriarca de Moscovo e de toda a Rússia, falecido no passado dia 5, aos 79 anos de idade.

"Unamo-nos em oração aos nossos irmãos ortodoxos para encomendar a sua alma à bondade do Senhor, para que o acolha no seu Reino de luz e de paz", disse, após a recitação do Ângelus, na Praça de São Pedro.

Nas saudações aos peregrinos, o Papa quis ainda "reiterar os meus sentimentos de comoção pela catástrofe ambiental ocorrida há poucos dias no Estado de Santa Catarina, causando numerosas vítimas e deixando desabrigados milhares de pessoas".

"Para todos invoco a protecção do Altíssimo, para que possa recompensar o povo brasileiro e as autoridades nacionais e estrangeiras, pela ajuda prestada aos flagelados nesta hora de viva consternação", acrescentou.

Já em relação ao tempo litúrgico do Advento, com que a Igreja prepara a celebração do Natal, Bento XVI rezou para que "no nosso mundo ferido por tanta violência, este período de espera seja um momento de renovação dos corações, a fim de viver na justiça e na paz, na solidariedade e entreajuda, o tempo da Misericórdia de Deus que está próximo de nós".

Para Bento XVI, a justiça e a paz são "dom de Deus", mas exigem que os homens e mulheres sejam "terra boa", pronta a "acolher a boa semente da sua Palavra".

"Neste tempo do Advento, a Palavra de Deus convida-nos a esperar a vinda gloriosa do nosso Salvador com uma conduta santa e religiosa, procurando viver em paz com Deus, limpos e irrepreensíveis diante dele", apontou.

O Papa anunciou ainda que no próximo dia 11 de Dezembro irá encontrar-se na Basílica de São Pedro com os universitários de Roma, para a tradicional celebração de preparação do Natal. Por ocasião do Ano Paulino, irá entregar a cada um a Carta aos Romanos, do Apóstolo Paulo.

Saudação em português

"Saúdo agora os peregrinos de língua portuguesa e todos aqueles que estão unidos a nós através desta oração à Virgem Maria. De modo particular, desejo reiterar meus sentimentos de comoção pela catástrofe ambiental ocorrida há poucos dias no Estado de Santa Catarina, causando numerosas vítimas e deixando desabrigados milhares de pessoas. Para todos invoco a proteção do Altíssimo, para que possa recompensar o povo brasileiro e as autoridades nacionais e estrangeiras, pela ajuda prestada aos flagelados nesta hora de viva consternação. A todos e às vossas famílias dou de coração a minha Bênção Apostólica."

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Santa Catarina: Entre gritos de dor e solidariedade

Santa Catarina: Entre gritos de dor e solidariedade
Prof. Dr. Frei Antônio Moser
Teólogo

Defesa CivilBrasil inteiro se solidariza com vítimas das chuvasEnchentes periódicas no vale do Itajaí fazem parte da história daquela população. A cada enchente repete-se o mesmo quadro: grandes perdas, muita solidariedade e rápida recuperação.

No que se refere à solidariedade, seja da população local, seja de pessoas e instituições sensibilizadas de todo o Brasil, está sendo maior do que nunca. Todas estas pessoas e instituições demostram compreender que em tragédias deste porte não vem ao caso falar em "empréstimos": é preciso simplesmente abrir o coração e os cofres.

No que se refere à recuperação, dada a magnitude dos estragos de todo tipo, desta vez tudo será mais lento, o que não significa que a população local se acomode esperando soluções mágicas. Como sempre, o que não falta é disposição para recomeçar e refazer o que for possível.

A cobertura da mídia foi simplesmente impressionante, com ressaltos nas necessidades e nos apelos à solidariedade. E isto é louvável. O que ficou um tanto na sombra foi a atuação das igrejas e instituições religiosas. Como sempre nestas ocasiões elas são as primeiras a abrir suas portas (salões, salas e até igrejas), correndo ao encontro dos necessitados.

Neste contexto convém repassar o número das contas bancárias indicadas pela Cáritas Brasileira e supervisionadas pelas Dioceses das regiões mais atingidas:

FLORIANÓPOLIS: Banco do Brasil, Agência 3174-7, conta 17611-7, em nome de Ação Social Arquidiocesana/Flagelados SC 2008. Mais informações: (48) 3224.8776 ou pelo e-mail asa@arquifln.org.br

JOINVILLE: Banco BESC SC, Agência 014, conte 130.786-2, a campanha é promovida pela Associação Diocesana de Promoção Social. Mais informações: (47) 3451.3715/3716 ou pelo e-mail adipros@diocesejlle.com.br

BLUMENAU: Banco Itaú Agência 6407 conte 07004-1 , Cáritas - Diocese de Blumenau emergência". Mais informações: (47) 3323.6952 ou 3322.4435 (cúria) ou pelo e-mail dioceseblumenau@terra.com.br

Além deste silêncio, sobram ainda algumas interrogações

Primeira: como explicar que, após tantas tragédias cíclicas, os muitos projetos desenvolvidos para solucionar ou ao menos para diminuir o impacto das águas não tenham sido executados?

Segunda pergunta: por que tão poucas referências à explosão do gasoduto, explosão que, segundo testemunhas, mais parecia de uma bomba ou um terremoto, fazendo estremecer a terra justamente na região onde foi maior o número de mortos por deslizamentos?

Terceira pergunta: no tocante à falta de um alerta. Todos nos orgulhamos do nosso serviço de meteorologia. Ao contrário do que ocorria há algum tempo atrás, normalmente acerta em cheio. Como explicar que uma "tromba de água" não tenha sido detectada e a população não tenha sido previamente avisada?

Enfim, se por um lado não podemos deixar de reconhecer a sensibilidade e a solidariedade, que tão bem caracterizam nossa cultura, por outro também não podemos simplesmente deixar de lado interrogações importantes para evitar novas tragédias no futuro.

Que a luz da estrela que brilhou em Belém ilumine a todos no sentido de possibilitar o passo mais decisivo: ser capazes de ler os sinais dos tempos, analisando os fatos com objetividade e buscando verdadeiras soluções.

Mensagem Papal para 42º Dia Mundial da Paz será divulgada

Mensagem Papal para 42º Dia Mundial da Paz será divulgada

Ecclesia


Na próximo dia dia 11, a Mensagem Papal para a 42º Dia Mundial da Paz, que tem como tema "Combater a pobreza, construir a paz" será apresentada será apresentada pela Sala de Imprensa do Vaticano. Estarão presentes o presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, Cardeal Renato Rafael Martino, e secretário, Arcebispo Giampaolo Crepaldi.

No dia seguinte, 12, outra coletiva de imprensa apresentará um documento da Congregação para a Doutrina da Fé, a Instrução Dignitatis personae, que abordará questões de bioética.

Intervirão o secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, Arcebispo Luís Ladaria, o presidente da Academia Pontifícia para a Vida, Dom Rino Fisichella, o presidente emérito da mesma Academia, Dom Elio Sgreccia, e a docente de Bioética da Universidade Católica italiana, em Roma e presidente da Associação "Ciência e Vida", Maria Luísa Di Pietro.

Intenções de oração do Papa para dezembro

Intenções de oração do Papa para dezembro

Rádio Vaticano


Bento XVI pede nossas orações, neste mês de dezembro, para que a cultura da vida possa expandir-se graças à obra da Igreja.

Em sua intenção geral, o Papa pede "para que frente à crescente expansão da cultura da violência e da morte, a Igreja, por meio de suas atividades apostólicas e missionárias, promova com valentia a cultura da vida".

Por outro lado, a intenção missionária de Bento XVI se inspira no Natal: "Para que os cristãos, especialmente nos países de missão, por meio de gestos concretos de fraternidade, mostrem que o Menino na gruta de Belém é a luminosa esperança do mundo".