terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Santa Catarina: Entre gritos de dor e solidariedade

Santa Catarina: Entre gritos de dor e solidariedade
Prof. Dr. Frei Antônio Moser
Teólogo

Defesa CivilBrasil inteiro se solidariza com vítimas das chuvasEnchentes periódicas no vale do Itajaí fazem parte da história daquela população. A cada enchente repete-se o mesmo quadro: grandes perdas, muita solidariedade e rápida recuperação.

No que se refere à solidariedade, seja da população local, seja de pessoas e instituições sensibilizadas de todo o Brasil, está sendo maior do que nunca. Todas estas pessoas e instituições demostram compreender que em tragédias deste porte não vem ao caso falar em "empréstimos": é preciso simplesmente abrir o coração e os cofres.

No que se refere à recuperação, dada a magnitude dos estragos de todo tipo, desta vez tudo será mais lento, o que não significa que a população local se acomode esperando soluções mágicas. Como sempre, o que não falta é disposição para recomeçar e refazer o que for possível.

A cobertura da mídia foi simplesmente impressionante, com ressaltos nas necessidades e nos apelos à solidariedade. E isto é louvável. O que ficou um tanto na sombra foi a atuação das igrejas e instituições religiosas. Como sempre nestas ocasiões elas são as primeiras a abrir suas portas (salões, salas e até igrejas), correndo ao encontro dos necessitados.

Neste contexto convém repassar o número das contas bancárias indicadas pela Cáritas Brasileira e supervisionadas pelas Dioceses das regiões mais atingidas:

FLORIANÓPOLIS: Banco do Brasil, Agência 3174-7, conta 17611-7, em nome de Ação Social Arquidiocesana/Flagelados SC 2008. Mais informações: (48) 3224.8776 ou pelo e-mail asa@arquifln.org.br

JOINVILLE: Banco BESC SC, Agência 014, conte 130.786-2, a campanha é promovida pela Associação Diocesana de Promoção Social. Mais informações: (47) 3451.3715/3716 ou pelo e-mail adipros@diocesejlle.com.br

BLUMENAU: Banco Itaú Agência 6407 conte 07004-1 , Cáritas - Diocese de Blumenau emergência". Mais informações: (47) 3323.6952 ou 3322.4435 (cúria) ou pelo e-mail dioceseblumenau@terra.com.br

Além deste silêncio, sobram ainda algumas interrogações

Primeira: como explicar que, após tantas tragédias cíclicas, os muitos projetos desenvolvidos para solucionar ou ao menos para diminuir o impacto das águas não tenham sido executados?

Segunda pergunta: por que tão poucas referências à explosão do gasoduto, explosão que, segundo testemunhas, mais parecia de uma bomba ou um terremoto, fazendo estremecer a terra justamente na região onde foi maior o número de mortos por deslizamentos?

Terceira pergunta: no tocante à falta de um alerta. Todos nos orgulhamos do nosso serviço de meteorologia. Ao contrário do que ocorria há algum tempo atrás, normalmente acerta em cheio. Como explicar que uma "tromba de água" não tenha sido detectada e a população não tenha sido previamente avisada?

Enfim, se por um lado não podemos deixar de reconhecer a sensibilidade e a solidariedade, que tão bem caracterizam nossa cultura, por outro também não podemos simplesmente deixar de lado interrogações importantes para evitar novas tragédias no futuro.

Que a luz da estrela que brilhou em Belém ilumine a todos no sentido de possibilitar o passo mais decisivo: ser capazes de ler os sinais dos tempos, analisando os fatos com objetividade e buscando verdadeiras soluções.