domingo, 15 de junho de 2008

Santidade e missionariedade, fundamentais para a Igreja

Santidade e missionariedade, fundamentais para a Igreja
Rádio Vaticano
Reuters
Papa Bento XVI saúda os fiéis presentes na Missa celebrada na diocese de Brindisi - Itália
"Santidade e missionariedade da Igreja são duas faces da mesma medalha", pois "só na medida em que é santa, isto é, cheia do amor divino, é que a Igreja pode cumprir a sua missão", afirmou Bento XVI, na manhã deste domingo, 15, em uma Missa celebrada na
diocese de Brindisi, na zona do porto desta cidade do sudeste da Itália."Um lugar simbólico, o porto, que evoca as viagens missionárias de Pedro e de Paulo", observou o Papa, logo no início da homilia, saudando todos os presentes, nomeadamente o Metropolita Gennadios, aproveitando para enviar uma "cordial saudação" a "todos os irmãos Ortodoxos e das outras Confissões, a partir desta Igreja de Brindisi, a qual (disse) pela sua vocação ecumênica nos convida a rezar e a empenhar-nos pela plena unidade de todos os cristãos"..: Ângelus deste domingoComentando as leituras deste domingo, Bento XVI fez notar que nelas "se apresenta a constituição da Igreja", interrogando-se: "Como não advertir aqui o convite implícito, dirigido a cada Comunidade, para que se renove na própria vocação e no impulso missionário". Esta mensagem é transmitida no Evangelho com "estilo inconfundível de Jesus: o estilo característico de Deus, que ama realizar as maiores coisas de modo pobre e humilde". Anúncio do Reino de Deus"A solenidade das narrações da aliança do Livro do Êxodo [Ex. 19,2-6a] - observou o Papa - dá lugar nos Evangelhos a gestos humildes e discretos, mas com enorme potencialidade de renovação. É a lógica do Reino de Deus, representada pela pequena semente que se torna uma grande árvore. O Pacto do Sinai é acompanhado de sinais cósmicos que aterram os Israelitas; os inícios da Igreja na Galileia refletem antes a mansidão e compaixão do coração de Cristo, pré-anunciando contudo uma outra luta, um outro abalo suscitado pelas potências do mal".Dando aos Doze o poder de expulsar os espíritos imundos e de curar toda a espécie de enfermidades, Jesus chama-os a cooperarem consigo no instaurar o Reino de Deus, que traz consigo a vida, e a vida em abundância. "Como Cristo e juntamente com Ele, a Igreja é chamada e enviada a instaurar o Reino da vida e a expulsar o domínio da morte, para que triunfe no mundo a vida de Deus. Para que triunfe Deus, que é Amor. É este o projeto de Deus: difundir sobre a humanidade e sobre todo o cosmos o seu amor gerador da vida. Um projeto que contudo o Senhor não quer pôr em prática sem a nossa liberdade, porque o amor por sua natureza não se pode impor. A Igreja é, assim, em Cristo, o espaço de acolhimento e de mediação do amor de Deus.Santidade e Missionariedade da IgrejaNesta perspectiva vê-se claramente que a santidade e a missionariedade da Igreja constituem duas faces da mesma medalha: só enquanto santa, isto é, plena de amor divino, a Igreja pode realizar a sua missão, e foi precisamente em função dessa tarefa que Deus a escolheu e santificou como sua propriedade". Esclarecendo melhor o sentido deste "binômio santidade-missão", Bento XVI destacou que "os doze Apóstolos não eram homens perfeitos, escolhidos pela sua irrepreensibilidade moral e religiosa". Eram sem dúvida gente de fé, cheia de entusiasmo e de zelo, mas marcada por limites humanos, por vezes mesmo graves"."Jesus não os chamou porque eram já santos, mas para que se tornassem. Como nós. Como todos os cristãos. Na segunda leitura [Romanos 5,6-11] escutamos a síntese do apóstolo Paulo: Deus prova assim o seu amor para conosco: Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores. A Igreja é a comunidade dos pecadores que crêem no amor de Deus e se deixam transformar por Ele, e assim se tornam santos e santificam o mundo"."À luz desta providencial Palavra de Deus tenho a alegria de confirmar hoje o caminho da vossa Igreja" (de Brindisi), "caminho de santidade e de missão", afirmou o Papa, que observou ainda que o Evangelho [Mateus 9,36 –10,8] deste domingo "sugere o estilo da missão (isto é a atitude interior que se traduz em vida vivida), que não pode deixar de ser o estilo de Jesus: o da compaixão". E explicou: "A compaixão cristã não tem nada que ver com o pietismo, com o assistencialismo. É, isso sim, sinônimo de solidariedade e de partilha, animada pela esperança. Não nasce porventura da esperança a palavra que Jesus diz aos apóstolos: No caminho pregai, anunciando que está perto o Reino dos Céus. Esta esperança assenta na vida de Cristo, e em última análise coincide com a sua Pessoa e o seu mistério de salvação".