quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Nossa fé é mais importante que nossas vidas, diz Cardeal da Índia

Nossa fé é mais importante que nossas vidas, diz Cardeal da Índia
Zenit
Cristãos de toda a Índia se mobilizaram pela paz no último domingo, 7, em resposta à convocação da Conferência Episcopal do país (CBCI – Catholic Bishops Conference of India).Segundo o porta-voz da CBCI, Padre Babu Joseph, "as Igrejas foram abertas durante todo o dia, ficaram cheias de fiéis desde o amanhecer até a noite e, em algumas cidades, aconteceram manifestações silenciosas pelas ruas".Também em Orissa, onde se temiam reações dos fundamentalistas, nesse dia não houve violência, devido à presença de forças policiais que garantiram a proteção das Igrejas.Durante a
Dia de Oração, o presidente da CBCI e arcebispo de Ernakulam-Angamaly (siro-malabar), Cardeal Varkey Vithayathil, pediu ao governo que dê passos para acabar com a violência contra os cristãos."Nós continuaremos protegendo nossa fé sacrificando nossas vidas, porque nossa fé é mais importante que nossas vidas", afirmou o purpurado, em declarações recolhidas pelo serviço de informação da CBCI.Segundo reportou a agência Fides, em Bhubaneshwar, capital de Orissa, celebrou-se um encontro inter-religioso entre líderes cristãos e hindus para reafirmar o "não" à violência e o respeito recíproco das comunidades religiosas, como uma tentativa de desmentir a motivação religiosa dos ataques por parte de grupos radicais.Em Calcutá, cerca de 700 pessoas de diversas religiões se uniram para rezar e expressar sua solidariedade pelas as vítimas da violência. Os católicos de Nova Déli organizaram 40 horas de adoração ininterruptas ao Santíssimo, que foram inauguradas com a celebração de uma Missa na catedral, presidida pelo arcebispo de Deli, Dom Vincent Concessao.Irmã Nirmala pede pazEm 28 de agosto passado, a Irmã Nirmala mandou uma mensagem às pessoas de Orissa e de toda a Índia, na qual dizia que a "religião não deve nos dividir. A violência em nome da religião é um abuso contra a religião. Como a Madre Teresa costumava repetir, a religião é uma obra de amor. Não foi feita para destruir a paz e a unidade"."Em nome de nossa nação e de nossa nobre herança, em nome dos pobres, das crianças e de todos nossos irmãos e irmãs vítimas desta violência e destruição sem sentido, rezemos e abramo-nos à luz e ao amor de Deus", afirmava a Irmã Nirmala.Posteriormente, na sexta-feira, 5 de setembro, aniversário da morte da Madre Teresa, a Irmã Nirmala voltou a referir-se à perseguição religiosa em Orissa, e pedia a "poderosa intercessão no céu" da beata.Violência Precisamente nesse dia, algumas Irmãs da Caridade foram assaltadas por um grupo de extremistas do Bajrang Dal na estação de trem de Durgh (Chhattisghar). Os assaltantes as acusaram de raptar as crianças às quais estavam acompanhando a um centro de saúde e tentar forçá-las a se converterem.Denunciadas à polícia, apesar de terem sua documentação regular, as irmãs passaram a noite na prisão, enquanto as crianças permanecem em um hospital do governo. A superiora, Irmã Mamta, declarou à agência Asianews que se sentem "impotentes", já que a polícia "demorará muito tempo para verificar" os documentos apresentados.Neste sentido, o Cardeal Oswald Gracias, arcebispo de Bombaim, mostrou-se alarmado "pelas contínuas e infundadas acusações de conversões forçadas lançadas contra as Missionárias da Caridade".Campos de refugiadosPor outro lado, no estado de Orissa, milhares de cristãos fugiram para campos de refugiados, onde continuam sofrendo ataques pelos extremistas. Segundo o serviço de informação da CBCI, foram registrados vários ataques a estes campos, entre eles, várias tentativas de envenenar a água em Kandhamal.Segundo esta fonte, em 4 de setembro, cerca de 2.500 extremistas assaltaram o campo de Tikabali e levaram as provisões dos cristãos, enquanto a polícia, presente nesse momento, não fez nada para impedi-los.Por outro lado, no domingo passado, uma igreja anglicana foi incendiada em Ratlam (Madhya Pradesh), que estava dedicada ao apóstolo São Bartolomeu. Os fiéis afirmam que os autores são grupos radicais do Bajrang Dal (a mesma organização que acusa as Irmãs da Caridade). A polícia prendeu um cristão que supostamente teria se auto-incriminado, mas isso foi negado pelos líderes anglicanos.